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Doenças sem cura: como funcionam os tratamentos?

01 DE DEZEMBRO DE 2023
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O avanço da medicina nas últimas décadas proporcionou a cura de diversas doenças que afetam milhões de pessoas todos os anos. Porém, mesmo com todas as conquistas da ciência, algumas enfermidades permanecem sem cura conhecida, como acontece com o lúpus, o Alzheimer e a fibromialgia. Nesses casos, existem tratamentos qualificados e prolongados que podem aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Entretanto, é necessário realizar o diagnóstico precoce para aumentar as chances de uma vida normal, sem muitas alterações na rotina. Por isso, conscientizar a população sobre o tema é a melhor forma de identificar essas doenças em seus estágios iniciais para começar o tratamento recomendado o mais rápido possível.

Lúpus

O que é?

O lúpus é, provavelmente, uma das doenças mais conhecidas da atualidade, devido ao número de celebridades que já declararam publicamente sofrer com ela, como as atrizes e cantoras pop Lady Gaga e Selena Gomez. Esse distúrbio é caracterizado como uma doença inflamatória autoimune, ou seja, quando o próprio corpo ataca órgãos e tecidos saudáveis por engano.

Isso acontece porque o lúpus afeta o sistema imunológico, fazendo com que a produção de anticorpos aumente de forma exagerada. Essas células são responsáveis pela defesa do organismo, porém, quando produzidas em excesso, elas provocam inflamações e outras lesões que podem afetar a pele e demais órgãos, comprometendo o seu funcionamento. Ainda não se sabe quais são os fatores que desencadeiam a doença, mas possíveis causas são: fatores genéticos e hormonais, infecções e o uso de alguns medicamentos.

Sintomas

O sintoma mais aparente do lúpus são erupções cutâneas no formato de bolhas. Porém, em alguns casos, os sintomas são todos internos, o que dificulta o diagnóstico da doença. Por isso, a maioria das pessoas só procura atendimento médico quando os sintomas começam a se manifestar externamente, dependendo de qual parte do corpo está sendo afetada pela doença.

Alguns sinais do lúpus são febre, dor nas articulações, queda de cabelo, emagrecimento sem motivo aparente, feridas na boca, dificuldade para respirar e sensibilidade à luz solar. Alguns pacientes também podem desenvolver um mal-estar geral, que simula os sintomas da ansiedade, e também sofrer com linfonodos (gânglios) aumentados, uma estrutura do sistema linfático que é responsável por manter o equilíbrio de fluidos no organismo.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico do lúpus só pode ser feito através de uma análise médica dos sintomas manifestados, ou seja, o profissional deve conversar com o paciente para entender quantos sinais clínicos da doença ele está apresentando, já que apenas um sintoma isolado pode não ser indicativo de lúpus e sim de outras enfermidades mais usuais. Além disso, o médico também costuma solicitar exames de sangue para verificar a quantidade de anticorpos presentes no organismo.

Já o tratamento vai depender dos sintomas apresentados pelo paciente. Normalmente, é feito o uso de analgésicos, anti-inflamatórios e doses baixas de corticóides. Porém, nos casos mais graves, outras substâncias mais fortes podem ser utilizadas, como os medicamentos imunossupressores. Essas substâncias são comumente usadas para reduzir a rejeição de órgãos transplantados, pois diminui a atividade do sistema imunológico, impedindo que ele rejeite o novo órgão.

No caso de pessoas portadoras de lúpus, a medicação inibe a ação dos glóbulos brancos, reduzindo os ataques ao organismo e, consequentemente, aliviando os sintomas da doença. Entretanto, um efeito colateral dessa medicação é a diminuição da imunidade, o que deixa os pacientes mais suscetíveis a outras infecções e doenças mais comuns, como gripes, resfriados ou, até mesmo, tuberculose.

Alzheimer

O que é?

A Doença de Alzheimer, também conhecida como Mal de Alzheimer, é um transtorno neurodegenerativo que atinge, principalmente, pessoas com mais de 80 anos. Porém, alguns indivíduos começam a desenvolver os sintomas aos 65 anos, fazendo da doença a forma mais comum de demência em idosos, de acordo com o Ministério da Saúde. Segundo estatísticas divulgadas pela instituição, o Alzheimer é responsável por cerca de 50% a 70% de todos os casos de demência no Brasil.

O Alzheimer provoca danos cerebrais irreversíveis, mas o seu desenvolvimento é lento. Por isso, costuma-se dizer que a doença tem três estágios: o inicial, o intermediário e o avançado. À medida que a doença vai avançando, o paciente começa a apresentar falhas na memória, além de dificuldades para realizar atividades simples do cotidiano. Isso acontece porque a doença acarreta na morte dos neurônios, responsáveis por diversas funções cognitivas.

Embora ainda não exista uma causa estabelecida para o surgimento do Alzheimer, é comprovado que alguns fatores contribuem para o seu desenvolvimento, como a depressão, traumatismo craniano, isolamento social e sedentarismo. Diabetes e hipertensão arterial também aumentam os riscos de desenvolver a enfermidade. Casos genéticos são mais raros, com apenas 5% de incidência, porém costumam surgir antes dos 60 anos e têm evolução mais rápida. Em indivíduos que possuem casos de Alzheimer em parentes de primeiro grau o risco chega a ser três vezes maior.

Sintomas

Em sua fase inicial, que costuma durar de dois a três anos, o Alzheimer provoca sintomas vagos e nem sempre identificáveis. Sua principal característica é a memória alterada, a desorientação, dificuldades de aprendizado e concentração, além de alterações na linguagem que a pessoa usa normalmente. Durante esse período, é comum que o próprio paciente não note que algo está errado. Já as pessoas à sua volta costumam perceber as mudanças com mais facilidade.

Já na segunda fase, a intermediária, a perda de memória começa a ficar mais pronunciada. O indivíduo também apresenta alterações evidentes de personalidade e comportamento social e dificuldades para calcular, julgar ou planejar ações do dia a dia. Além disso, existe uma tendência para a abstração, quando a pessoa se torna muito distraída e desatenta. Essa etapa dura, aproximadamente, de três a cinco anos e também pode apresentar sintomas físicos, como mudanças na postura, tônus muscular e forma de andar.

Por fim, em seu estágio mais avançado, os sintomas variam, pois dependem dos recursos para o tratamento da doença. De forma geral, as funções do organismo já estão extremamente comprometidas, por isso é comum a incontinência urinária e fecal, além de dificuldades para falar. Também é possível observar algumas complicações da doença, como desidratação, infecções e lesões na pele. Outros sintomas que podem se desenvolver são rigidez muscular, tremores, convulsões e movimentos involuntários.

Diagnóstico e tratamento

Assim como o lúpus, os sintomas do Alzheimer precisam ser identificados através de uma análise clínica, em que o médico irá conversar com o paciente e também com os seus familiares para entender o contexto da situação e quais sintomas já se manifestaram.

Com base no histórico, avaliação física e testes específicos, o profissional pode levantar a hipótese da doença. Entretanto, para confirmar o diagnóstico, é preciso realizar alguns exames, como tomografia, punções ou ressonância magnética do crânio, para eliminar a possibilidade de outras doenças.

Uma vez identificado o Alzheimer, inicia-se o tratamento, que pode envolver medicamentos ou apenas terapias não medicamentosas, ou seja, sem uso de remédios. Existem diversos tipos de terapias indicadas para a doença, como a terapia de orientação para a realidade, que estimula a memória do paciente, a terapia ocupacional, quando a memória já começa a ficar comprometida e a fisioterapia geriátrica, que previne a perda ou reabilita a coordenação motora do idoso.

Em estágios mais avançados, é possível fazer o uso de medicamentos conhecidos como anticolinesterásicos e inibidores do glutamato, caso seja a decisão do paciente ou da família.

Fibromialgia

O que é?

A fibromialgia é uma doença reumatológica e inflamatória que atinge o sistema locomotor, provocando dor muscular crônica e generalizada, ou seja, no corpo todo. Também conhecida como “síndrome da fibromialgia” ou apenas FM, a doença é relativamente comum, sendo observada em, pelo menos, 5% dos pacientes que vão a um consultório de clínica médica. Já nos pacientes que recorrem a um reumatologista, a doença é diagnosticada em 10% a 15% dos casos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia.

Uma curiosidade sobre a fibromialgia é que de cada 10 pacientes que sofrem com o problema, sete a nove são do sexo feminino. Não se sabe ao certo porque as mulheres são mais suscetíveis à síndrome, uma vez que não parece haver ligação entre alterações hormonais e a doença. Normalmente, a fibromialgia é identificada em pessoas de 30 a 60 anos, mas existem casos de manifestação dos sintomas em pessoas mais velhas e, até mesmo, em crianças e adolescentes.

A causa da doença é desconhecida até o momento, assim como é o caso com muitas doenças reumatológicas. Porém, o que se sabe é que o paciente que sofre com a fibromialgia possui uma maior sensibilidade à dor e isso está relacionado com o sistema nervoso central. Ou seja, os nervos, a medula e o cérebro do indivíduo é que fazem com que qualquer estímulo doloroso seja mais intenso do que em uma pessoa que não possui a doença.

Sintomas

Por ser uma doença que é influenciada pelo sistema nervoso central, os sintomas variam de indivíduo para indivíduo. Porém, os critérios abaixo são utilizados para que o profissional de saúde identifique o problema:

  • Dor em toda e qualquer parte do corpo por mais de três meses;
  • Presença de pontos dolorosos na musculatura, com alta sensibilidade ao toque;
  • Rigidez muscular, principalmente nas mãos e ao acordar;
  • Alteração do sono e fadiga;
  • Quadro de depressão ou ansiedade;
  • Alterações do hábito intestinal (constipação ou diarreia);
  • Alterações cognitivas, como falha na memória ou dificuldades de concentração.

Normalmente, os primeiros sintomas a se manifestarem são a dor generalizada, a rigidez muscular e a fadiga.

Diagnóstico e tratamento

Ao contrário das doenças anteriores, a fibromialgia não precisa de um exame específico para ser detectada. Basta apenas um exame físico, que pode ser feito por um clínico geral ou reumatologista, para identificar os pontos de dor do paciente. O diagnóstico é confirmado se a pessoa estiver sentindo dor severa em três a seis áreas diferentes do corpo ou dor leve em sete ou mais áreas, ambas por um período de, pelo menos, seis meses. 

Durante a consulta, o médico pressiona 18 pontos no corpo, que são os principais pontos de dor para quem sofre de fibromialgia e estão localizados em oito áreas do corpo. São eles:

  • Parte da frente do pescoço: 2 pontos de dor;
  • Parte de trás do pescoço: 2 pontos de dor;
  • Parte superior do peito: 2 pontos de dor;
  • Parte superior das costas: 4 pontos de dor; 
  • Dobra dos braços: 2 pontos de dor;
  • Região lombar: 2 pontos de dor;
  • Abaixo das nádegas: 2 pontos de dor;
  • Nos joelhos: 2 pontos de dor.

Além disso, o profissional de saúde também leva em consideração o histórico de saúde e casos de fibromialgia na família.

O tratamento para a doença tem como objetivo aliviar os sintomas. Por isso, é comum o uso de analgésicos e relaxantes musculares. Também podem ser utilizados tratamentos não medicamentosos, como técnicas de relaxamento, aromaterapia e massagens, principalmente a liberação miofascial, que reduz a sensibilidade à dor. Algumas pessoas recorrem à fisioterapia, que pode ajudar a diminuir os sintomas, uma vez que promove o relaxamento dos músculos e o aumento da flexibilidade.

Caso o paciente esteja manifestando algum sintoma neurológico ou psicológico, como ansiedade ou dificuldade para dormir, também é preciso consultar um neurologista ou psiquiatra para indicar o tratamento adequado.

 

Fonte: Porto Seguro